sexta-feira, 29 de maio de 2015

Sempre é possível uma autocorreção e um recomeço



Por Leonardo Boff


Nem toda crise, nem todo caos são necessariamente ruins. A crise acrisola, funciona como um crisol que purifica o ouro das gangas e o libera para um novo uso. O caos não é só caótico; ele pode ser generativo. É caótico porque destrói certa ordem que não atende mais as demandas de um povo; é generativo porque a partir de um novo rearranjo dos fatores, instaura uma nova ordem que faz a vida do povo melhor. Dizem cosmólogos que a vida surgiu do caos. Este organizou internamente os elementos de alta complexidade que desta complexidade fez eclodir a vida na Terra e mais tarde a nossa vida consciente (Prigogine,Swimme,Morin e outros).

A atual crise política e o caos social obedecem à lógica descrita acima. Oferecem uma oportunidade de refundação da ordem social a partir do caos social e dos elementos depurados da crise. Como no Brasil fazemos tudo pela metade e não concluimos quase nenhum projeto (independência, abolição da escravatura, a república, a democracia representativa, a nova democracia pós ditadura militar, a anistia) há o risco de que percamos novamente a oportunidade atual de fazermos algo realmente profundo e cabal ou continuaremos com a costumeira ilusão de que colocando esparadrapos curamos a ferida que gangrena a vida social já por tanto tempo.

Antes de qualquer iniciativa nova, o PT que hegemonizou o processo novo na política brasileira, deve fazer o que até agora nunca fez: uma auto-crítica pública e humilde dos erros cometidos, de não ter sabido usar do poder realmente como instrumento de mudanças e não de vantagens corporativas e de ter perdido a conexão orgânica com os movimento sociais. Precisa fazer o seu mea-culpa porque alguns com poder traíram milhões de filiados e por ter maculado e rasgado sua principal bandeira: a moralidade pública e a transparência em tudo o que faria. Aquele pequeno punhado de corruptos e de ladrões do dinheiro público, dentro da Petrobrás, que atraiçoaram os mais de um milhão de filiados do PT e envergonharam a nação deverão ser banidos da memória.

Cito frei Betto que esteve dentro do poder central e que ideou a Fome Zero. Ao perceber os desvios, deixou o governo comentando: ”O PT em 12 anos, não promoveu nenhuma reforma da estrutura, nem agrária, nem tributária, nem política. Havia alternativa para o PT? Sim, se não houvesse jogado a sua garantia de governabilidade nos braços do mercado e do Congresso; se tivesse promovido a reforma agrária, de modo a tornar o Brasil menos dependente da exportação de commodities e favorecido mais o mercado inerno; se ousasse fazer a reforma tributária recomendada por Piketty, priorizando a produção e não a especulação; se houvesse enfim assegurado a governabilidade prioritariamente pelo apoio dos movimento ssociais, como fez Evo Morales na Bolívia…Se o governo não voltar a beber na sua fonte de origem – os movimento sociais e as propostas origináris do PT – as forças conservadoas voltarão a ocupar o Planalto”.

E agora concluo eu: temos posto a perder a revolução pacífica e popular feita a partir de 2003 quando ocorreu não a troca do poder, mas a troca da base social que sustenta o Estado: o povo organizado, antes à margem e agora colocado no centro. O PT pode suportar a rejeição dos poderosos. O que não pode é defraudar o povo e os humildes que tanta confiança e esperança colocaram nele. E muitos, como eu e Frei Betto que nunca nos inscrevemos no PT (preferimos o todo e não a parte que é o partido) mas sempre apoiamos sua causa, por vê-la justa e afim às propostas sociais da Igreja da Libertação, sentimos abatimento e decepção. Não precisava ser assim. E foi pela imoralidade, pela falta de amor ao povo e pela ausência de conexão orgânica com os movimento sociais.

Nem por isso desistiremos. No expectro político atual não vislumbramos nenhum projeto que fuja da submissão ao capitalismo neoliberal, que faça a sociedade menos malvada e que apresente lideranças confiáveis que tornem melhor a vida do povo. A vida nos ensina e as Escrituras cristãs não se cansam de repetir: quem caiu sempre pode se levantar; quem pecou sempre pode se redimir depois de clara conversão para o primeiro amor. Até se diz que quem estava morto, pode ser resusscitado, como Lázaro e o jovem de Naim.

O PT tem que recomeçar lá em baixo, humilde e aberto a aprender dos erros e da sabedoria do povo trabalhador. Valem ainda os ideais primeiros: inclusão social de milhões de marginalizados, desenvolvimento social com distribuição de renda e redistribuição da riqueza nacional, cuidado para com a natureza com seus bens e serviços ameçados e a sempre ansiada justiça social. Mas tudo isso não terá sustentabilidade se não vier acompanhado por uma reforma política, tributária e pesado investimento na agroecologia na impossibilidade atual de fazer a reforma agrária.

Para que isso ocorra, precisamos acreditar na justeza desta causa; fortalecer-se face à batalha que será travada contra o PT por aqueles que vivem batendo panelas cheias porque nunca querem mudanças por medo de perder benefícios; mas jamais usar as armas que eles usam – mentiras e distorções – mas usar aquelas que eles não podem usar: a verdade, a transparência, a humildade de reconhecer os erros e a vontade de melhorar dia a dia, de querer um Brasil soberano e um povo feliz porque justo, não mais destinado a penar nas perifierias existenciais mas a brilhar.Vale o que o Dom Quixote sentenciou: “não devemos aceitar as derrotas sem antes dar as batalhas”.


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Carta em defesa do Brasil, da democracia e do trabalho, por Fórum 21




Por Leonardo Boff

Em momentos de crise quando uma sociedade está perplexa,buscando um norte que aponte um rumo para um futuro melhor é sempre bom ouvir pessoas de notório saber, reconhecida moralidade, senso democrático e amor ao próprio país. Assim que publicamos aqui um documento sério, crítico e esperançador elaborado pelas referidas pessoas. Queremos divulgá-lo para ajudar as pessoas a pensarem no país e o que poderá ser melhor para todos. Quem quiser secundar esta linha de pensamento pode escrever ao e-mail abaixo indicado: Lboff

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CARTA EM DEFESA DO BRASIL, DA DEMOCRACIA E DO TRABALHO 

O Fórum 21, organização da sociedade civil constituída em dezembro, organizou uma Carta em defesa de temas caros a todos nós. A comissão final de redação foi formada entre outros por Luiz Gonzaga Belluzzo, Ladislau Dowbor, Leda Paulani, Reginaldo Moraes. A Carta tem apoio de vários movimentos sociais que secundaram o manifesto lido no Senado Federal, dias atrás. A Carta amplia os temas do manifesto para discutir outras reformas populares e conclama as forças de esquerda para formar uma frente para defendê-las. Se concordar com seus termos, por favor responda a Joaquim Palhares – <jpalhares2@gmail.com>

O pacto político e social da Constituição de 88 está sob um ataque de exceção. Contra a política, contra os partidos, especialmente do campo da esquerda, contra os movimentos sociais.

Este ataque representa a maior ofensiva organizada pelas forças políticas da direita e pelo oligopólio da mídia conservadora, desde 1968.

A luta contra a corrupção, que deveria atingir de forma indistinta e igual quem viola a legalidade e desmoraliza a política e o Estado, está sendo instrumentalizada por setores conservadores e foi colocada a serviço de um projeto autoritário de restauração de uma democracia restrita e de redução das funções públicas do Estado.

Parte da direita não hesita em clamar pela intervenção militar, como se o Brasil fosse uma república bananeira, e as nossas forças armadas fossem feitoras dos interesses do capital financeiro.

Promovem a contrarreforma política para manter o financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos políticos e buscam terceirizar o Banco Central, pretendendo sua “independência” em relação ao Estado e sua submissão total à especulação globalizada.

Agendam a redução da maioridade penal e organizam ataques às conquistas das mulheres, negros e homossexuais. Incitam o ativismo judicial seletivo, antidemocrático, para desestabilizar o pacto político de 1988.

A direita e o grande empresariado promovem agora uma reforma penosa aos trabalhadores, para universalizar a terceirização, com um ataque severo às conquistas laborais do século passado. Aprovada, terá como efeito mais grave maior precarização das relações de trabalho e a redução de salários.

A democracia: reforma política e dos meios de comunicação

No Brasil, a luta pela democratização da política assume, hoje, duas formas principais.

Primeiro, a luta contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais e dos partidos políticos.

Segundo, a luta contra o controle plutocrático dos meios de comunicação, que são objeto de concessão pública e sequer respeitam as regras constitucionais do seu uso.

Contra a decadência do sistema político, as esquerdas e as forças comprometidas com a democracia e com o avanço social precisam se unir em torno da reforma política e pela democratização dos meios de comunicação.

Unir-se pela verdadeira liberdade de imprensa, que implica no direito à livre circulação da opinião, normalmente censurada pelos oligopólios, e pela transparência e democratização das concessões para rádios e TVs, que hoje são feitas no subsolo da política nacional.

As duas reformas são fundamentais para controlar o papel que o dinheiro exerce como agente corruptor da democracia.

No que concerne à reforma política, o principal mecanismo de democratização de campanhas eleitorais e prevenção contra a corrupção é o bloqueio do financiamento empresarial de campanhas e partidos políticos.

No que tange à reforma dos meios de comunicação, para limitar o poder do dinheiro é necessário limitar a propriedade e o controle, em uma mesma área de concessão pública, de órgãos de comunicação originários de uma mesma propriedade.

O controle de grupos milionários e de políticos sem escrúpulos sobre meios de comunicação confere vantagens políticas que pervertem a cláusula democrática e deformam as eleições.

A agenda destas reformas nos unifica, imediatamente, no seguinte: a) proibição do financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais por empresas; b) proibição de concessão pública, em uma mesma área concedida, para mais de um veículo de comunicação do mesmo grupo empresarial.

A democratização do desenvolvimento econômico e a rejeição da austeridade

Apesar da crise global, os defensores do projeto neoliberal não desanimam na defesa dessa utopia direitista e dos interesses que ela atende.

Seu ataque quer atingir o que diferenciou, no mundo, o desenvolvimento brasileiro na última década: a expansão de salários e direitos sociais; a formação de um mercado interno ampliado pelo aumento do consumo popular; a recuperação de alguma capacidade de planejamento estatal; a rejeição do projeto de integração subordinada à globalização neoliberal.

A direita emparedou o Governo da Presidenta Dilma Rousseff em função da dominação que o dinheiro exerce na formação da opinião, por meio dos oligopólios da mídia, aproveitando os erros cometidos na formação dos preços públicos, na manutenção de alguns subsídios, combinados com a elevação das taxas de juros e a retração do investimento público.

Todo ajuste ortodoxo de corte neoliberal se assenta em dois pilares: juros elevados e restrições orçamentárias para investimentos em infraestrutura e para programas de combate às desigualdades sociais e regionais.

O “ajuste” ̶ como proposto no Brasil ̶ não toca nas desigualdades de patrimônio e renda, penaliza principalmente os trabalhadores e camadas sociais vulneráveis, fragiliza as forças progressistas diante do avanço das forças conservadoras.

O nosso “ajuste” deve ser outro. Deve garantir o crescimento com a ampliação dos investimentos para combater desigualdades sociais, regionais e gargalos produtivos. Deve potencializar um projeto de nação democrática e justa: a democratização da estrutura tributária brasileira é essencial para que o desenvolvimento soberano e inclusivo receba a contribuição dos que podem contribuir mais.

Nesse sentido, o Imposto de Renda deve ser reduzido para trabalhadores e camadas médias, mas majorado, progressivamente, para grandes salários e lucros distribuídos.

A tributação da riqueza acumulada deve contar com Imposto sobre as Grandes Fortunas e Grandes Heranças.

Finalmente, deve ser veementemente repelida a proposta de eliminar a independência do Banco Central em relação aos bancos que deve regular.

Depois do repúdio do povo brasileiro durante a campanha presidencial à proposta de um Banco Central “Independente” (em relação ao governo eleito), reavivá-la no Congresso Nacional é uma atitude que denota um enorme afastamento dos representantes do povo em relação aos interesses da maioria da nação.

A agenda mínima de reformas que nos unifica, imediatamente, quanto ao desenvolvimento, fundamenta-se no seguinte: rejeição da austeridade que é inepta para a retomada do crescimento; redução das taxas de juros; retomada do investimento público; reestruturação imediata do Imposto de Renda, com aumento das alíquotas para os muito ricos; taxação de Grandes Fortunas e Grandes Heranças; programa de largo alcance e qualidade técnica para combater a sonegação de impostos, políticas que devem ser debatidas na cena pública democrática, tanto no Parlamento como na relação direta do Governo com a sociedade.

Participação direta da cidadania nas decisões sobre políticas públicas

A Constituição Brasileira abre a possibilidade de participação direta da cidadania (art. 14) e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/1999) recomenda que os governos procedam discussões públicas sobre o Orçamento.

Esses preceitos ainda não se materializam em instituições e práticas efetivas. Consultas públicas, plebiscitos e referendos não devem ser eventos raros em uma democracia ampliada.

É necessário construir mecanismos que efetivem a participação direta e desenvolvam a democracia na definição de políticas públicas, prioridades orçamentárias e formas de financiá-las que ampliem a justiça social.

Pela defesa da democracia, do trabalho e da soberania nacional

Diante do avanço da direita, é necessário pensar hoje não apenas na estabilidade e na governabilidade democrática, mas na defesa de um programa mínimo que unifique as forças sociais comprometidas com a defesa da democracia, do trabalho e da soberania nacional.

Para construir, debater e defender esse programa, é fundamental a constituição gradual de uma Frente Democrática pelas Reformas Populares. Uma Frente que aponte, nos processos eleitorais e nas lutas sociais, para uma nova governabilidade com base programática.

A formação desta Frente é uma tarefa política de toda a esquerda, com participação ampla da sociedade civil não organizada em partidos e membros de partidos.

Lutamos há décadas pela democracia contra as mesmas forças do atraso que, hoje, querem voltar a limitá-la. Lutemos em conjunto para que a democracia brasileira supere a nova ameaça reacionária, e atenda progressivamente aos anseios do povo brasileiro por menores desigualdades, mais direitos e oportunidades de vida digna.



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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Uma Frente popular pelo Brasil

Por Roberto Amaral


Nossa crise exige das esquerdas brasileiras o patrocínio e a liderança de um imenso movimento de massa com o objetivo de enfrentar a ascensão conservadora.

Como se houvéssemos descoberto a pólvora, políticos, analistas, a academia – e as ruas – descobrem a existência, entre nós, de uma articulação conservadora de nítida atração pelo pensamento e pela ação de direita, em termos até então ignorados, ignorados desde os tristes idos de 1963/64. Como nada no mundo, esse fenômeno não é obra nem de Deus nem do diabo.




O avanço, igualmente orgânico e ideológico, da direita, decorre, fundamentalmente, da crise do pensamento e da ação de esquerda. Fenômeno comum à Europa ocidental, chega até nós com anos de atraso, desmentindo a ilusão de que a América Latina seria eternamente uma ilha (do ponto de vista político) progressista, contrastando com o avanço das forças conservadores no velho mundo. Lá, a crise da política em geral trouxe consigo a crise da socialdemocracia (que transitou para a direita) exatamente e estranhamente no momento em que o fracasso do neoliberalismo impõe a recessão econômica e seu filho dileto, o desemprego.

Já antes, ainda atingidos pelos escombros do Muro de Berlim (pesou a carga simbólica) ruíram os partidos comunistas, a começar pelo grande partido de massas que era o PCI de Gramsci e Togliatti. O fracasso dos comunistas e socialdemocratas abriu espaço para a emergência e avanço de figuras que transitam do burlesco ao trágico, como simbolizam Berlusconi, Sarkozy e Marie Le Pen, ao lado do conservadorismo de Cameron e Angela Merkel, cujas lideranças foram recentemente confirmadas nas urnas. Aqui o quadro é similar, com o Partido Comunista Brasileiro transformando-se em sua contrafação, o PPS, e o PSDB renunciando à socialdemocracia para transformar-se naquilo que o DEM não conseguira: ser o primeiro grande partido da direita brasileira. As eleições de 2014 já se realizaram sob esse signo.

A crise da esquerda brasileira, assim, não é nova, nem nasceu com a crise do PT de hoje, que apenas a agudizou. Após 40 anos de ascensão continuada e conquistas eleitorais (dentre as quais por quatro vezes seguidas conquistando a Presidência da República) o campo da esquerda (onde, evidentemente, nem todo mundo é de esquerda) se vê ameaçado de ceder posições. Depois de 1974, com a vitória eleitoral do MDB que começou a desestabilizar a ditadura, seguiram-se a luta pela Anistia, a campanha pelas Diretas-Já e, culminância, a derrota da ditadura no colégio eleitoral. Nesses momentos, forças progressistas, liderando setores liberais avançados, empurraram a direita para trás. Quando se inicia o quarto período de governo de centro-esquerda, a reversão desse processo é inquietante.

Antes, as esquerdas brasileiras, assim mesmo no plural, esquecidas do dever da reflexão, haviam seguido acriticamente o comando do PT, o partido hegemônico do campo, que, a partir de 2002, optara pelo pragmatismo eleitoral que levaria todos à vitória eleitoral. No governo, porém, essas forças, despreparadas do ponto de vista ideológico, cobrariam a abdicação de certos princípios programáticos, e as forças destinadas historicamente à renovação terminaram por adotar como suas as práticas conservadoras sempre rejeitadas pela esquerda. A crise de valores foi fatal e suas consequências são de domínio público.

A reflexão sem prática é inócua, dizem os ativistas (em férias), esquecidos de que a práxis sem reflexão leva ora à ‘doença infantil do esquerdismo’, ora ao voluntarismo, ora, como agora, à anomia. As esquerdas também erraram quando não se prepararam para exercer um governo de centro-esquerda em país capitalista, de formação autoritária, sabidamente conservador. E, por haver perdido o hábito da reflexão, não compreenderam a realidade na qual foram chamadas a atuar, braços dados com uma base parlamentar conservadora. E, desconhecendo a realidade, ficaram sem condições de estabelecer sua própria estratégia. Condenaram-se, assim, a ser governadas pelo adversário.

Despreparados estrategicamente, PT e seus aliados governaram segundo o modelo tradicional-conservador. Diante da emergência reacionária, os partidos estão hoje atônitos, sem resposta política, sem formulação, sem ação. Não falam e não agem, por não saberem o que dizer e o que fazer, após haverem, coletivamente, renunciado ao enfrentamento ideológico.

Cabe ao PT, após a autocrítica que ainda não fez, não só proceder à (auto)revisão (política, ideológica e orgânica), mas, fundamentalmente e de forma urgente, construir uma estratégia de ação, e construir um programa que fale ao Brasil de hoje. Mas esse ‘programa’ não pode ser um mero discurso: a sociedade aguarda atos e fatos. Trata-se de refundar-se, no que esta expressão encerra de mais radical. No caso das esquerdas, o imperativo é a revisão de nossos paradigmas, rever-se política e ideologicamente, rever-se do ponto de vista orgânico, rever a práxis. Voltar a pensar e formular. Precisamos voltar a falar com o povo, os trabalhadores e os estudantes. Ter discurso e atos audíveis e visíveis não apenas pelos nossos militantes. É preciso romper o casulo para o qual refluímos.

A análise da crise só se consolida se enseja uma alternativa

A forças populares, no Brasil e no mundo, têm a tradição dos movimentos de frente política, com fins eleitorais ou não. Foi uma frente popular, integrada por trabalhadores, estudantes, intelectuais e militares, que fez no Brasil a vitoriosa luta pelo ‘petróleo é nosso’. Foi uma frente democrática, unindo esquerda e liberais, que derrubou o ‘Estado Novo’. Foi a frente política de todos os adversários da ditadura que nos legou a redemocratização.

Nossa crise – da democracia representativa, do presidencialismo como tal e do presidencialismo de coalizão de forma específica, crise da democracia ameaçada, crise da institucionalidade em face das seguidas ameaças ao pronunciamento da soberania popular em 2014 – exige das esquerdas brasileiras o patrocínio e a liderança de um imenso movimento de massa com o objetivo de enfrentar a ascensão conservadora e promover reformas políticas profundas, que nossos governos não tiveram forças para sequer intentar, e por isso mesmo o Estado de hoje é o mesmo de 2002 e a coalizão de forças permanece adversa.

Essa grande mobilização exige a formação de uma Frente, não só de partidos, mas, nucleadas ou não por partidos, seja fundamentalmente um frente popular, nascida das organizações de massa da sociedade civil, e nacional porque uma vez mais se coloca como prioridade a defesa do país. Precisamos de uma frente nacional popular, na qual os partidos do campo da esquerda terão acolhimento, mas lado a lado do movimento social, dos sindicatos e dos trabalhadores e assalariados de um modo geral, do movimento estudantil, de políticos com ou sem vinculação partidária, de intelectuais e pensadores, de liberais e democratas progressistas, de todos aqueles que, enfim, entendam como chegada a hora de lutar: 1) pela democracia no seu significado mais amplo, nele entendida como peça destacada a democracia dos meios de comunicação; 2) pela defesa da soberania nacional como pilar de qualquer programa politico; 3) pelo fim de todas as desigualdades e discriminações; 4) pela defesa e aprofundamento dos direitos dos trabalhadores e assalariados de um modo geral; e, corolário, 4) lutar pela retomada do desenvolvimento com distribuição de renda.

Resta-nos a esperança de que se firmem reações, como o Podemos espanhol e o vitorioso Syriza grego, mas se impõe lutar firmemente para que seus influxos cheguem até nós.




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DIA 29: EDUCAÇÃO PARTICIPA DE MOBILIZAÇÃO NACIONAL CONTRA AJUSTE FISCAL E PL 4330 - CAPITAL PARALISA ATIVIDADES


A rede municipal do Rio de Janeiro decidiu paralisar as atividades, por 24 horas, no dia 29/05 (sexta-feira) para participar dos movimentos nacionais contra os ataques aos trabalhadores contidos no ajuste fiscal e no projeto de lei 4330 (PL da Terceirização). A participação do município neste dia de atividades tinha sido aprovada na última assembleia da rede, quando os profissionais decidiram aderir à mobilização contra a terceirização e ameaças aos direitos dos trabalhadores. Agora, com a definição da data e dos locais das atividades que serão realizadas no dia 29/5, a direção do sindicato convoca os profissionais para que participem desta luta contra os ataques dos governos contra direitos adquiridos e contra a ameaça da terceirização.

Já a rede estadual irá fazer discussões nas escolas sobre a mobilização nacional; os núcleos do Sepe deverão disponibilizar condução para a passeata que ocorrerá no dia 29, às 17h, com concentração na Candelária - as redes municipais devem discutir nas assembléias a participação na passeata.



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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Eleições do Sepe/RJ: Dias 30 de junho, 01º e 02 de julho de 2015.




Fonte: Site SEPE/RJ

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Ida do Núcleo à Regional Norte Fluminense, em Campos. A luta continua...



No dia 25 de maio, segunda-feira, o Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu compareceu, mais uma vez, à Regional Norte-Fluminense, em Campos dos Goytacazes, para tratar das demandas das escolas estaduais ainda pendentes.

Apesar das tentativas do Sepe/RJ (Sepe Central) para tentar encontrar solução para as muitas questões da rede estadual, conforme a pauta da audiência com o governador Pezão no último dia 18 de maio (publicado neste blog), alguns problemas continuam.

Entre eles destacamos o abono funcional de todos os profissionais nas greves e paralisações; garantia da antiguidade e retorno à origem de professores grevistas; fim de inquéritos contra professores grevistas, configurado assédio moral;  etc.

Desta vez, a informação prestada foi a de que a Regional Norte-Fluminense se encontra sem um efetivo Coordenador Geral, que responda pela SEEDUC.




Só a luta transforma a vida!


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Encontro de lideranças de aposentados fez debate sobre eleições do Sepe






Os aposentados realizaram seu Encontro de Lideranças nesta 3ª feita(dia 26/05), no auditório do Sepe. O ponto principal da pauta foi a apresentação das chapas que irão concorrer nas eleições de 2015 para a Direção do Sepe Central.

Todas as chapas foram convidadas, e estiveram presentes as chapas 1, 2, 4 e 8.




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Conversando com versos (140): "Horas mortas", de Alberto de Oliveira (1857-1937)




"Horas mortas”
Alberto de Oliveira


Breve momento após comprido dia
De incômodos, de penas, de cansaço
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia.

Desta janela aberta, à luz tardia
Do luar em cheio a clarear no espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo
Na transparência azul da noite fria.

Chegas. O ósculo teu me vivifica
Mas é tão tarde! Rápido flutuas
Tornando logo à etérea imensidade;

E na mesa em que escrevo apenas fica
Sobre o papel — rastro das asas tuas,
Um verso, um pensamento, uma saudade.
 


Fonte: Internet/ Sonetário Brasileiro



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terça-feira, 26 de maio de 2015

China: O Globo virou nacionalista?


Por Wladimir Pomar 


A grande imprensa brasileira considerou matéria de manchete em caixa baixa, ou de página interna, a visita do primeiro-ministro chinês e os investimentos, de 53 bilhões de dólares, acordados com a parte brasileira. O que não impediu O Globo, em editorial de 21 de maio, de assumir um tom nacionalista, alertando para “cuidados nos negócios da China”.

É verdade que o editorialista reconheceu que o pacote de acordos “chega em providencial momento, quando o país padece de grave falta de investimentos, principalmente na infraestrutura”. Ou seja, a rigor, o famoso grau de investimento das agências de risco não é levado em conta pela China.

Porém, tirando isso, o resto são indagações e conselhos “nacionalistas”. Por exemplo, o editorial considera que será necessário “saber se o dinheiro vem mesmo”, lembrando o fracassado acordo com a Foxconn, de 2011. Claro que poderia ter lembrado, em sentido contrário, o acordo de 12 bilhões de dólares, com a Petrobras, e a participação chinesa no Campo de Libra. Mas, para que estragar o “ponto de interrogação” se um aspecto negativo pode ser bradado aos quatro ventos?

O editorialista se arvora, então, o direito de ser conselheiro.

Segundo ele, “é preciso ser realista”, pois Pequim já teria demonstrado saber “comprar na baixa”, socorrendo “os sufocados venezuelanos, os endividados argentinos” e, agora, apoiando o Brasil, “soterrado sob os escombros da ‘nova matriz macroeconômica’”.

Reconhece, mais uma vez, que se trata, “é certo, de uma oportunidade que não pode ser descartada”. Porém, acrescenta, “se os chineses têm um claro projeto de dimensões globais – garantir acesso a matérias-primas, ao menor custo possível -, Brasília precisa tirar o máximo que necessita e ter o seu plano também”.

Ainda segundo o editorial de O Globo, “será um erro histórico o Brasil se acomodar a uma aliança ‘colonial’ com os chineses: fornecedor de matérias-primas e importador de bens manufaturados... Por uma dessas ironias, mais uma, terá sido um governo do ‘anti-imperialista’ PT que consolidará laços com os chineses de ranço mercantilista, típicos de séculos passados, como aqueles com os quais metrópoles ataram o Brasil”.

Em contraposição, clama, “será decisivo... também modernizar a indústria, algo que o PT ‘desenvolvimentista’ impede, ao continuar com o sonho delirante da ‘substituição de importações’ ao estilo Geisel”, quando deveria “integrar a indústria brasileira a cadeias globais de produção”...

Sejamos sinceros: há plena razão quando diz que o Brasil precisa “ter o seu plano” e que “será decisivo... modernizar a indústria”. Essas são, realmente, posições patrióticas e nacionalistas. No entanto, ao acrescentar que a indústria brasileira “deve se integrar a cadeias globais de produção”, o jornalão destampa a verdadeira razão de seu falso nacionalismo e coloca à mostra seu viés colonizado.

A rigor, não há mais o que “integrar” ou “entregar”. A indústria “brasileira” que sobrou do desmonte neoliberal já está totalmente “entregue” a tais cadeias globais. Por exemplo, o Brasil não possui mais qualquer indústria automobilística de marca nacional. Algo quase idêntico ocorre com as indústrias do aço, química, máquinas agrícolas etc. etc. A desnacionalização da “indústria brasileira” é um fato incontestável. E qualquer tentativa de sair dessa submissão é logo acusada de “substituição de importações” ou outras adjetivações idênticas.

Na verdade, os jornalões como O Globo jamais se arvoraram defensores de uma política nacional de industrialização. Jamais chamaram a atenção para a atração desbragada e descontrolada de investimentos estrangeiros norte-americanos, europeus e japoneses, onde quer que pretendessem, e pelo tempo que desejassem ficar ou ir embora. Porém, diante dos investimentos chineses, “oportunidade que não pode ser descartada”, arvoram um nacionalismo torto para colocar obstáculos a seu prosseguimento. Por quê?

Porque, embora os chineses realmente necessitem de matérias primas de baixo custo, eles precisam, principalmente, e do ponto de vista global e estratégico, da multipolaridade e da multilateralidade mundiais. A China precisa ter como aliados uma série de países econômica, social e politicamente fortes. Nessas condições, investir na infraestrutura e na industrialização de nações como Brasil, Rússia, Índia, África do Sul, Angola, Argentina, Venezuela e outras faz parte de sua estratégia global para amortecer as pretensões expansionistas dos Estados Unidos, controlar as tensões internacionais e manter a paz.

Estas são as condições essenciais para a China continuar se desenvolvendo a um ritmo de 7% ao ano nos próximos 20 a 30 anos.

Essa política chinesa se choca com as visões colonizadas, pró-americanas, e de subordinação às cadeias globais de produção monopolizadas pelas corporações transnacionais. Choca-se ainda mais porque os chineses continuam repetindo que estão na primeira fase da construção de seu socialismo, e que talvez superem a economia norte-americana até 2030, um exemplo tido como perigoso. Para opor-se a isso, só restou a O Globo apresentar-se como nacionalista, adjetivo que sempre repudiou, e tentar alertar o Brasil dos “malefícios” contidos nos investimentos chineses.

Apesar disso, por uma dessas razões que a própria razão desconhece, o editorial está correto, como reconhecemos acima, ao afirmar que o Brasil precisa “ter o seu plano” e que “será decisivo... modernizar a indústria”. Mas, ao contrário de “entregar-se” às cadeias globais de produção, ou à tutela das corporações transnacionais, o plano do Brasil deve aproveitar-se da experiência de industrialização de países como Japão, Coréia do Sul, China, e Índia. Seu plano deve estar voltado para adensar suas próprias cadeias produtivas, elevar sua produtividade e sua competitividade, e ingressar no mercado global levando em conta o novo cenário de crise dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos da Europa.

Uma industrialização desse tipo nada tem a ver com a “substituição de importações ao estilo Geisel”. O Brasil terá que aproveitar suas vantagens de matérias-primas minerais e agrícolas para poder importar muitas novas e altas tecnologias, abrir o mercado nacional à competição de novas empresas industriais internacionais e fabricar produtos que disputem com vantagem vários nichos do mercado internacional. Nesse processo, incorporando ciência e tecnologia à produção, o empresariado brasileiro, estatal e privado, terá que criar marcas próprias, que possam disputar o próprio mercado interno e as cadeias produtivas globais.

Para isso, a indústria brasileira precisa ser reestruturada, fazendo com que a parcela nacional ganhe espaço e se ombreie com a parcela multinacional, que hoje monopoliza ou oligopoliza a economia brasileira. O medo de O Globo é que os investimentos chineses participem positivamente desse processo. Como ninguém entenderá se o Brasil descartar tal oportunidade, o que lhe sobra é bancar o nacionalista e levantar bandeiras vermelhas. Estas, é lógico, como aviso de perigo.


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Regressão e Reação



Editorial do Correio da Cidadania 




13 de março: começa em São Paulo uma vigorosa greve de professores da rede pública estadual por salários e condições de trabalho dignos.



25 de março: é deflagrada a greve dos professores e servidores públicos de diversas categorias do Paraná, por respeito à carreira e contra o projeto do governo estadual de colocar a mão nos 8 bilhões de reais da previdência desses trabalhadores. Greve que já teve direito a assembleias históricas e a um massacre policial em 29 de abril, que desmoralizou o governo tucano de Beto Richa. Já em 8 de maio, estala a greve dos professores municipais em Goiânia, depois aderida pelos estaduais.



Além destes estados, Santa Catarina, Sergipe e Pará também veem seus educadores cruzarem os braços.



Ainda em março: os garis voltam a parar no Rio de Janeiro, a fim de exigir o cumprimento dos acordos da greve de 2014 e a readmissão dos trabalhadores até hoje perseguidos.



15 de abril: pelo menos 40 mil pessoas em São Paulo, de diversos movimentos sociais, como o MTST, sindicatos e movimentos de juventude, marcham pelas ruas centrais em dia de protestos contra o Projeto de Lei das Terceirizações e a retirada de direitos. Diversas paralisações parciais e bloqueios de estradas foram realizados nesta data pelo país.



12 de maio: São Paulo vê greve relâmpago dos motoristas e cobradores.



27 de maio: está convocada paralisação dos trabalhadores dos trens e metrôs de São Paulo, entre outros fatores, pela volta dos 42 metroviários demitidos.



28 de maio: programam-se greves dos servidores e docentes das universidades federais, por conta dos enormes cortes orçamentários numa Educação já subfinanciada.



29 de maio: Centrais sindicais e movimentos sociais combativos estão convocando um dia de paralisação nacional e protestos contra o PL das Terceirizações, contra os ajustes e a retirada de direitos. Estão programados atos, greves no setor privado, protestos em rodovias e avenidas por todo o país.



Manifestos, protestos, greves se espalham pelo país, conformando uma onda de reação e resistência já comparável à conjuntura de greves do ano de 1989.



Não poderia ser diferente. Trata-se de insatisfação e revolta que explode face a uma das mais impiedosas retiradas de direitos sociais após a promulgação da Constituição de 1988, e diante de ajustes econômicos draconianos impostos à população pelo atual governo.



Do Legislativo ao Executivo, por motivos e estímulos diversos, a ordem é cortar na carne. As casas legislativas, com mandatários em apuros na Justiça (Renan Calheiros, no Senado, e Eduardo Cunha, na Câmara, ambos com seus nomes envolvidos na Operação Lava Jato), aproveitam do seu momento de poder e da fraqueza da presidente para impor, a toque de caixa, todas as medidas regressivas guardadas no armário. O Executivo, impotente, reforça medidas de ajuste recessivo e retrógrado a cada chantagem que vem do Legislativo e dos mercados.



Ante as dificuldades para a aprovação de medidas regressivas, que comprometem direitos como o seguro desemprego, abono salarial, pensão por morte e auxílio doença, dentre outros, o governo não vacilou: já houve uma primeira reunião ministerial para programar o ajuste na marra, canetando o que for necessário para se alcançar o corte orçamentário programado para esse ano, de 80 bilhões de reais.



Mas que não haja enganos quanto às motivações que estão por trás das dificuldades para a aprovação de algumas dessas medidas antissociais: são as brigas e contradições entre os blocos dominantes que fazem o PSDB votar contra alguns dos ajustes neoliberais e o PMDB chantagear o governo, de forma a não carregar sozinho o desgaste por votar medidas antipopulares. Já a bancada do PT, segue rendida, embora a crise esteja se agravando no partido, desde as bases até a cúpula.



Todo esse ajuste ortodoxo na área fiscal vem sendo, ademais, acompanhado, na área monetária, por elevações seguidas das taxas de juros, para controlar uma inflação que não é de demanda, mas em grande parte decorrente de quebras de safras e aumento de preços administrados, como as tarifas elétricas e os combustíveis.



O resultado dessa política é um orçamento público que, somente em 2014, por exemplo, comprometeu R$ 978 bilhões com juros e amortizações da dívida pública, o que representou 45,11% de todo o orçamento efetivamente executado no ano – 12 vezes o que foi destinado à educação, 11 vezes mais que os gastos com saúde e mais que o dobro dos gastos com a Previdência Social (conforme os dados da Auditoria Cidadão da Dívida).



O fracasso dos planos draconianos de austeridade e ajuste fiscal, que fizeram água no continente europeu, já tem dado sua cara no país. Dados disponíveis não deixam mentir: a inflação, com os tarifaços, segue em alta; a taxa de desemprego medida pelo IBGE alcançou a faixa dos 6,4% no mês de abril, ante 6,2% no mês anterior; e a queda no emprego trouxe nova redução na renda real dos trabalhadores, que em abril recuou 2,9% na comparação com abril de 2014. Já a economia brasileira recuou 1,07% apenas no mês de março, de acordo com o Banco Central.



Em nome de irregularidades em grande maioria fictícias, são as conquistas históricas do povo que estão sendo ameaçadas.


Mas a população começa a perceber e a resistir ao jogo duplo do governo, que justifica suas MPs para a classe trabalhadora como forma de corrigir distorções, ao mesmo tempo em que as apresenta ao mercado financeiro como resposta ao corte solicitado de gastos públicos.




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