segunda-feira, 31 de março de 2014

Sepe/RJ convoca para assembleia unificada (estado e município do Rio de Janeiro) em 1º de abril



Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu

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Atenção, assembleia unificada do dia 01/04 será no Clube Municipal

Nesta terça-feira (01/04), os profissionais das redes estadual e municipal do Rio, juntamente com o Fórum em Defesa da Educação Pública e outras redes municipais, universidades públicas e centrais sindicais realizarão uma grande marcha em defesa da Educação Pública de qualidade e contra o golpe militar de 1964. A concentração será realizada na Candelária, a partir das 16h. Dali os manifestantes seguirão em passeata até a Cinelândia para exigir mais verbas para o setor, valorização para os profissionais e escola pública de qualidade e gratuita para todos. Também neste dia, as escolas estaduais e municipais do Rio de Janeiro farão uma paralisação de 24 horas, com assembleia unificada, às 13h, no Clube Municipal, na Tijuca (Rua Haddock Lobo, nº 359).

Desde fevereiro, as redes estadual e municipal estão mobilizadas na luta por reajuste salarial e o cumprimento por parte dos governos estadual e municipal de reivindicações acordadas durante a grande greve das duas redes, realizadas nos meses de agosto a outubro. No ano passado, os profissionais de educação foram responsáveis, pela realização de grandes mobilizações de rua que envolveram dezenas de milhares de pessoas que, mesmo com a truculência das forças de segurança e as agressões promovidas pela PM do governo Cabral, mostraram para a população que a categoria é de luta e não teme as ameaças de governos que não estão comprometidos com a democracia e com a educação pública.

Agora, a educação se mobiliza novamente para ir às ruas e exigir que os governos do estado e dos municípios atendam as nossas reivindicações.


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Livro: Um homem torturado - Nos passos de frei Tito de Alencar

 

A prisão de Frei Tito de Alencar Lima, jovem dominicano de 24 anos, em São Paulo, na madrugada de 04 novembro de 1969, foi realizada no contexto da violenta repressão que se abateu sobre os religiosos que participavam da resistência à ditadura. Os dominicanos do Convento das Perdizes eram próximos da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização de luta armada criada por Carlos Marighella, com a qual colaboravam escondendo perseguidos políticos e organizando a fuga pela fronteira de pessoas procuradas pelos órgãos de segurança. Foi o caso de Franklin Martins e de Joaquim Câmara Ferreira, que saíram do Brasil graças à ajuda do jovem Frei Betto, instalado num seminário do Rio Grande do Sul.

Contar a história de Tito é se debruçar sobre o momento histórico da ditadura civil-militar, instalada em plena Guerra Fria, quando a luta contra o comunismo era a principal preocupação do bloco ocidental liderado pelos Estados Unidos. A ditadura, que se instalou com o incrível nome de "revolução”, fechou o Parlamento, governou com os atos institucionais e colocou na prisão os opositores políticos que resistiam com ou sem armas.

Frei Tito foi um dos que não se calaram e preferiram combater a ditadura sem armas, com a força das ideias e dos ideais de justiça social. Na Universidade de São Paulo (USP), onde participava ativamente do movimento estudantil, Tito chegou a ter momentos de dúvida e de incerteza sobre a possibilidade de conciliar Marx e Cristo. Assim como ele, outros frades foram encarcerados: eram considerados "terroristas” por terem feito a "opção preferencial pelos pobres” pregada pelo Concílio Vaticano II.

Incluído a contragosto no grupo de 70 presos políticos trocados pelo embaixador suíço, que havia sido sequestrado por um grupo de guerrilheiros, Tito de Alencar embarcou em janeiro de 1971 para Santiago do Chile. Mas não encontrou a serenidade fora das grades. Destruído psicologicamente na tortura, banido pela lei de seu país, não pôde recobrar seu equilíbrio. Como o filósofo Jean Améry, codinome do resistente e escritor austríaco Hans Mayer, Tito "não tinha mais seu lugar no mundo”. E como Améry, que se tornou amigo de Primo Lévi em Auschwitz, buscou na morte a liberdade.

Naquele agosto de 1974, o militante político e revolucionário não tinha mais forças para lutar. O jovem poeta e místico, que pensou um dia se tornar eremita, percebeu que não conseguia viver sozinho, em meditação e oração. Levara do Brasil seus carrascos, que lhe invadiam os sonhos e lhe infernizavam os momentos de vigília. Ele, como seus confrades, sabia que não havia traído nem Jesus nem Marighella. Mas, nos seus pesadelos, os carrascos teimavam em repetir a mesma mentira.

Para seguir os passos de Tito de Alencar Lima desde o dia em que foi preso até o dia de sua morte, aos 28 anos, num dia de verão, na França, foi preciso ouvir o testemunho dos frades e dos militantes que estiveram presos com ele em São Paulo, mas também de alguns dos setenta prisioneiros políticos que saíram no voo para Santiago, trocados pela libertação do embaixador suíço Giovanni Enrico Bücher. Os frades que o conheceram no Convento de La Tourette, perto de Lyon, eram apenas cinco, em 2012. Em Paris, muitos dos dominicanos que conviveram com ele no Convento Saint-Jacques ainda estão ativos e também puderam testemunhar de sua incapacidade de continuar a viver.

A bibliografia consultada e os refugiados políticos da diáspora brasileira entrevistados permitiram a reconstituição da vida no exílio dos refugiados políticos de diferentes gerações e origens.

O testemunho da irmã de Tito, Nildes, foi fundamental para a reconstituição da vida e do sofrimento do frade no convento francês Sainte-Marie de laTourette.

O depoimento mais contundente, mais detalhado dos últimos meses de vida de Frei Tito, foi do dominicano Xavier Plassat. O ideal revolucionário, além de uma concepção semelhante do cristianismo, aproximou-os. Antes de conhecer Tito, Plassat já possuía um pôster de Marighella na parede de seu quarto de estudante de Ciências Políticas, em Paris. Depois de acompanhar o corpo de Tito a São Paulo e Fortaleza, em 1983, Plassat emigrou no final dos anos 1980 para prosseguir no Brasil seu engajamento político, a partir de então, na Comissão Pastoral contra o trabalho escravo.

O encontro com o psiquiatra e psicanalista Jean-Claude Rolland, dia 18 de junho de 2011, no V Colóquio da Associação Primo Levi, em Paris, cujo tema era "Linguagem e Violência”, foi determinante para a existência deste livro. Em sua conferência intitulada "Soigner, témoigner” (Cuidar, testemunhar), Rolland analisou o caso Tito de Alencar. Depois da conferência e da projeção do filme Batismo de sangue, baseado no livro homônimo de Frei Betto, houve um debate com o psicanalista e com o realizador do filme, Helvécio Ratton.

Foi ali que Um homem torturado – Nos passos de Frei Tito de Alencar começou a nascer. O título do livro é inspirado num texto que Jean-Claude Rolland escreveu sobre Tito, publicado na Nouvelle Revue de Psychanalyse, em 1986. Nele, o psicanalista escreveu: "Não há nenhuma dúvida de que Tito de Alencar morreu durante suas torturas”.

Tito, um homem torturado, com um traumatismo à flor da pele e um sofrimento incomensurável, marcou para sempre Jean-Claude Rolland, que não se cansa de participar de colóquios no mundo inteiro para testemunhar como a tortura pode deixar marcas indeléveis.

Com informações de Leneide Duarte-Plon, jornalista (Paris), publicado no Observatório da Imprensa:

Ficha técnica:
Um homem torturado: nos passos de Frei Tito de Alencar, de Leneide Duarte-Plon, Clarisse Meireles, 420 pp., Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2014; lançamento em 17/4, às 19 horas, na Livraria Travessa do Leblon (Rio)




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sexta-feira, 28 de março de 2014

Concentração para Marcha do dia 1º abril será às 16h na Candelária

O Sepe informa aos profissionais de educação das redes estadual e municipal do Rio - que farão paralisação conjunta de 24 horas no dia 1 de abril - e demais redes que se integrarão às atividades que se realizarão neste dia, que a concentração para a Marcha em Defesa da Educação será na Candelária, a partir das 16h.



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A mídia e o golpe militar de 1964

Por Altamiro Borges

A próxima semana, no dia 1º de abril, marca os 50 anos do fatídico golpe civil-militar de 1964. Na ocasião, o imperialismo estadunidense, os latifundiários e parte da burguesia nativa derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart. Naquela época, a imprensa teve papel destacado nos preparativos do golpe. Na sequência, muitos jornalões continuaram apoiando a ditadura, as suas torturas e assassinatos. Outros engoliram o seu próprio veneno, sofrendo censura e perseguições.

Nesta triste data da história brasileira, vale à pena recordar os editoriais dos jornais burgueses – que clamaram pelo golpe, aplaudiram a instalação da ditadura militar e elogiaram a sua violência contra os democratas. No passado, os militares foram acionados para defender os saqueadores da nação. Hoje, esse papel é desempenhado pela mídia privada, que continua orquestrando golpes contra a democracia. Daí a importância de relembrar sempre os seus editorais da época: 

O golpismo do jornal O Globo
“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”. O Globo, 2 de abril de 1964.

“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada..., atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... As Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal. O Globo, 2 de abril de 1964.

“Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos... Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada”. O Globo, 4 de abril de 1964. 

“A revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista”. O Globo, 5 de abril de 1964.

Conluio dos jornais golpistas
“Minas desta vez está conosco... Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de 1964.

“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu”. Tribuna da Imprensa, 2 de abril de 1964.

“Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.

“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.

“Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la”. Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964.

“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade”. O Estado de Minas, 2 de abril de 1964.

“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento”. O Dia, 2 de abril de 1964.

“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”. O Povo, 3 de abril de 1964.

“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”. Correio Braziliense, 16 de abril de 1964.

Apoio à ditadura sanguinária
“Um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama”. Folha de S.Paulo, 22 de setembro de 1971.

“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o país, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”. Jornal do Brasil, 31 de março de 1973.

“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. Editorial de Roberto Marinho, O Globo, 7 de outubro de 1984.



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Quando a grande tribulação chegar a terra terá enfim seu merecido descanso

Por Leonardo Boff

Achamos muito oportunas as reflexões deste autor que trabalha a ecologia com pequenos produtores rurais junto ao rio Surui, na Baixada Fluminense. Eis seu texto:

“Ninguém sabe ao certo o dia e hora. É que já estamos no meio dela, sem notarmos. Mas que está vindo, está, cada vez com mais intensidade e nitidez. Quando acontecer a grande virada, tudo vai parecer como se fosse de surpresa.

Embora haja dados seguros que apontam a inevitabilidade das mudanças globais devidas ao clima, com conseqüências que os cientistas tentam adivinhar, mas que seguramente serão para o pior, os interesses econômicos das grandes nações e a falta de visão a longo termo de seus líderes, não lhes permitem tomar as medidas necessárias para mitigar os efeitos e adaptar seu modo de vida ao estado febril da Terra.

Poderíamos imaginar um cenário plausível em que furacões varrerão regiões inteiras. Ondas gigantescas engolirão cidades e civilizações, indo morrer aos pés das montanhas. Secas prolongadas farão com que se troquem todas as riquezas por um simples copo de água suja. O calor e o frio extremos farão lembrar com saudades das histórias das avós que falavam das brisas da tarde e do aconchego de uma lareira no inverno, sempre previsível, e dos frutos amadurecidos ao calor de um sol de verão benfazejo. Comer-se-á só para sobreviver, sempre pouco e de gosto duvidoso.

Mas tudo isto ainda não será o pior. A mãe, de tão fraca, não conseguirá enterrar a filha e o neto matará o avô por causa de uma côdea de pão. O cão e o gato, amigos do homem, serão buscados por toda a parte como última possibilidade de matar a fome. Os vivos invejarão os mortos e não haverá quem chore a morte de crianças. A fome chegará a tal ponto que, como na Jerusalém sitiada, os famintos aguardarão a próxima vítima da morte para disputar-lhe a carne esfiapada.

“O país ficará devastado e as cidades se tornarão escombros. Todo o tempo em que ficar devastada, a Terra descansará pelos sábados que não descansou quando nela habitáveis” (Lev. 26,33-35).

Mas será o fim de toda a biosfera? Não. Por causa dos justos e sensatos, Deus abreviará esses dias e não dizimará toda a vida sobre a Terra, mantendo a promessa que fizera a nosso pai Noé. Mas é necessário que o ser humano passe por essa tribulação para acordar do seu egocentrismo e reconhecer em definitivo que ele é parte da comunidade da vida e o principal guardador dela.

Que fazer para nos prepararmos para esses tempos? Primeiramente, reconhecer que já vivemos neles. Hoje já não sabemos quando virá a primavera ou outono. Já não contamos com os meses de frio e calor. Já não sabemos reconhecer quando fará chuva ou sol.

Depois, importa ficar quieto, vigiando e observando os sinais que indicam a aceleração dos processos de mudança. E sobretudo, é imprescindível converter-se, mudar de hábitos de vida, uma mudança profunda, pessoal e definitiva. Só então estaríamos em condições morais de pedir aos outros que façam o mesmo. Mas como no tempo dos profetas, poucos ouvirão, alguns escarnecerão e a maioria se manterá indiferente e se permitindo toda sorte de liberdades como no tempo de Noé.

Deveríamos ainda voltar às raízes, recomeçar, como tantas vezes já fez a humanidade arrependida, reconhecendo que somos apenas criaturas e não Criador, que somos companheiros e não senhores da natureza; que para nossa felicidade é indispensável nos submeter às grandes leis da vida e ouvir com atenção a voz de nossa consciência. Se obedecermos a essas leis maiores, colheremos os frutos da Terra e a alegria da alma. Se desobedecermos a elas, herdaremos uma civilização como essa na qual estamos vivendo, cheia de avidez, guerras e tristezas.

Para esses tempos de carestia que virão, é fundamental  recuperar as ancestrais artes e técnicas do plantar, colher, comer; do cuidar dos animais e servir-se deles com respeito; do fazer utensílios e ferramentas, com arte e tecnologia local; do selecionar e plantar as ervas que curam e os grãos que nutrem; do recolher para tecer; do preservar as fontes d´água, do encontrar lugares apropriados para cavarmos os poços e do aprender a guardar as águas da chuva. É entrar na faculdade da economia da escassez, da sobriedade compartida e da beleza despojada. Desse saber recuperado e enriquecido surgiria uma civilização do contentamento, uma biocivilização, a Terra da boa esperança.

Depois dessa longa temporada de lágrimas e esperanças, superaremos essa estúpida guerra de religiões, essa intolerável disputa de deuses. Para além dos profetas e tradições, para além das morais e liturgias, quem sabe voltemos a adorar, sob múltiplos nomes e formas, o único Criador de todas as coisas e Pai-Mãe de todos os viventes, no grande Espírito que a tudo une e inspira, entrelaçados amorosamente na única fraternidade universal. E poderemos enfim organizar verdadeiramente a união de todos os povos do mundo e um autêntico parlamento de todas as religiões."

Waldemar Boff é formado em filosofia e sociologia nos USA, fundou o SEOP (Serviço de Educação e Organização Popular) que atua entre os pobres na Baixada Fluminense.



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quinta-feira, 27 de março de 2014

Os jornais e o golpe militar de 1964

Por Venício A. de Lima, no sítio Carta Maior:

In memoriam de João Baptista Franco Drummond (1942-1976)

Apesar de quase cinco décadas já haverem se passado, ainda existem aspectos a ser esclarecidos sobre a participação da mídia no golpe de 1º de abril de 1964. Que os principais grupos empresarias do setor apoiaram e articularam a deposição do presidente João Goulart está suficientemente documentado. Que eles conclamaram os militares a intervir na ruptura do processo democrático, idem [cf. nesta Carta Maior,“A grande mídia e o golpe de 64”]. 

Uma questão intrigante, todavia, permanece: quais justificativas eram utilizadas pela própria mídia para contornar a evidente contradição existente entre o seu discurso em “defesa da democracia” e, ao mesmo tempo, a articulação e a pregação abertas de um golpe de estado contra o presidente da República democraticamente eleito?

Essa questão torna-se mais interessante quando, ao estudá-la, constatamos que o discurso justificador utilizado naquele período continua a ser utilizado ainda hoje e, em alguns casos, pelos mesmos grupos de mídia na defesa de seus velhos interesses. 

“A Rede da Democracia”

Várias dissertações e teses acadêmicas têm estudado os vínculos da mídia com o golpe de 1964. Boa parte delas, no entanto, se mantém anônimas nas prateleiras das bibliotecas universitárias. Um desses trabalhos, uma pesquisa de pós-doutorado, foi transformada em livro lançado há cerca de um ano. Trata-se de “A Rede da Democracia – O Globo, O Jornal e Jornal do Brasil na queda do governo Goulart (1961-64)”, co-edição da NitPress e Editora da UFF, do historiador e cientista político Aluysio Castelo de Carvalho.

“A Rede da Democracia” foi uma cadeia de emissoras de radio idealizada pelo então deputado federal (à época, do extinto Partido Social Democrático) e vice-presidente dos Diários Associados, João Calmon (1916-1999), criada em outubro de 1963, comandada pelas rádios Tupi, Globo e Jornal do Brasil e retransmitida por centenas de emissoras em todo o país. Diariamente políticos, empresários, militares, jornalistas, intelectuais, sindicalistas, estudantes – articulados com partidos e entidades de oposição (IPES e IBAD) – faziam oposição aberta ao governo e se constituíam em espaço de articulação discursiva na conspiração que se formava para derrubada de Goulart, até as vésperas do 1º de abril. Os pronunciamentos veiculados na “rede” eram, em seguida, publicados nos respectivos jornais dos grupos empresariais de mídia.

A inspiração para a criação da “rede”, segundo Carvalho, parece ter vindo do livro de Suzanne Labin, “Em Cima da Hora – A conquista sem guerra” (original “II est moins cinq”), lançado no Brasil em 1963 (Distribuidora Record, Rio de Janeiro), com tradução, prefácio e notas do jornalista, então governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda (1914-1977). 

A francesa Suzanne Labin (1913-2001), militante internacional do anticomunismo, escreveu dezenas de livros e folhetos, traduzidos em vários idiomas, que tiveram ampla distribuição como material da luta ideológica no tempo da guerra fria. No Brasil, além do “Em cima da hora”, foram também publicados títulos como “A Rússia de Stalin”, “O Duelo Rússia x EUA”, “A Condição Humana na China” e “A Guerra Política”.

No Prefácio do livro, Lacerda afirma tratar-se de “um guia no meio da confusão, um antídoto para o veneno da inércia, um roteiro contra o sofisma. Possam lê-lo os que ensinam os outros a ler” (p. 15). No texto, Labin sugere a fundação de uma “Liga da Liberdade” cuja primeira tarefa seria “recuperar a imprensa”. Para isso recomenda “a formação de uma rede de imprensa diária e periódica de tiragem suficientemente ampla, expressamente dedicada à desintoxicação dos espíritos” (p. 135). Além disso, diz ela, “a Liga não deve limitar-se à imprensa. Deve utilizar todos os outros meios de expressão, desde logo as revistas, panfletos e livros. (...) deverá também produzir filmes” (p. 136).

Na verdade, “A Rede da Democracia” brasileira, coordenada pelos principais grupos de mídia do Rio de Janeiro, servia a propósitos políticos específicos que se concretizariam em abril de 1964.

Concepção “publicista” da opinião pública

Carvalho parte de uma visão panorâmica do papel central atribuído à “opinião pública” por alguns dos pensadores clássicos da democracia representativa liberal – Hobbes, Locke, Montesquieu, Constant – dentre outros. No Brasil, Rui Barbosa e Oliveira Vianna atribuíram “às elites dirigentes responsáveis o papel de intérprete dos interesses da nação” e também colocaram “a imprensa em primeiro plano, enfatizando sua posição central como órgão da opinião pública” (p. 29).

A principal hipótese de Carvalho é a de que, para fugir da contradição acima apontada, os jornais cariocas estudados abandonaram a concepção institucional de representatividade da opinião pública – aquela que se materializa através dos partidos, de eleições regulares e de representantes políticos – e recorreram a outra concepção – a publicista – que “ressalta a existência da imprensa como condição para a publicização das diversas opiniões individuais que constituem o público”.

A adoção da concepção publicista faz com que não só a crítica aos partidos políticos e ao Congresso se justifique, como também sustenta a posição de que os jornais são os legítimos representantes da opinião publica.

A partir da análise de pronunciamentos feitos na Rede da Democracia e de editoriais dos jornais, Carvalho afirma:

“Ocorreu por parte (de O Globo, O Jornal e Jornal do Brasil) uma exaltação da própria imprensa como modelo de instituição representativa da opinião pública, porque se viram mais comprometidos com a preservação da ordem social liberal. Os jornais cariocas construíram uma imagem positiva da imprensa, em detrimento da divulgada sobre o Congresso. (...) Os jornais se consideravam o espaço público ideal para a argumentação, em contraposição à retórica dita populista e comunista que teria se expandido no governo Goulart e estaria comprometida com a desestruturação das instituições, sobretudo do Congresso. Os jornais se colocaram na posição de porta-vozes autorizados e representativos de todos os setores sociais comprometidos com uma opinião que preservasse os tradicionais valores da sociedade brasileira ancorados na defesa da liberdade e da propriedade privada” (p. 156).

Entre os inúmeros pronunciamentos e editoriais analisados, merece destaque o publicado em O Jornal [2 de março de 1962] que toma como referência a relação entre sociedade e sistema político existente nos Estados Unidos e evoca dois clássicos liberais, Tocqueville e Lord Bryce. Diz o editorial:

“Ninguém ignora quanto o governo americano é sensível à opinião pública e se deixa conduzir por suas reações. Congresso e Poder Executivo não ousam nunca contrariá-la, temendo republicanos e democratas os seus pronunciamentos nas urnas. Os grandes autores clássicos na apreciação do sistema político norte-americano – De Tocqueville e Lorde Bryce – mostraram como, apesar do regime presidencialista submeter-se à inflexibilidade dos mandatos e por isso parecer menos maleável aos efeitos das variações da opinião, como sucede nos parlamentarismos europeus, nos Estados Unidos os governos condicionam invariavelmente as suas decisões aos resultados da auscultação da vontade e do sentimento do povo, rigorosamente traduzidos pela imprensa” (citado em Carvalho, p. 159).

Mídia e a “opinião pública” hoje

A “concepção publicista”, apresentada por Carvalho, foi um fenômeno reduzido à articulação do golpe de 1964 pelos principais jornais cariocas ou corresponde a uma postura permanente da grande mídia brasileira?

Tenho tratado do tema reiteradas vezes e mostrado como, para certos jornais e jornalistas, a opinião da mídia teria que ser uma instância levada em conta não mais apenas por ser a mediadora ou “refletora” da opinião pública, mas por ser a própria opinião pública (cf., por exemplo, “A opinião privada tornada pública” ; e “Opinião da imprensa não é a opinião pública”). 

Relembro, todavia, um episódio, no mínimo, curioso. No auge da crise que envolveu o Senado Federal em 2009 e em meio às pressões para sua renúncia, falando por ocasião do Dia Internacional da Democracia, o Senador José Sarney afirmou:

"A tecnologia levou os instrumentos de comunicação a tal nível que, hoje, a grande discussão que se trava é justamente esta: quem representa o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós. É por essa contradição que existe hoje, um contra o outro, que, de certo modo, a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas. Isso não se discute aqui; estou repetindo aquilo que, no mundo inteiro, hoje, se discute"(cf. Sarney vs. Imprensa: Quem mudou: o senador ou a grande mídia?).
Quarenta e cinco anos depois do golpe de 1964, em 2009, um de seus principais apoiadores e, ele próprio, proprietário de jornal e concessionário do serviço público de radiodifusão, questiona a mesma “concepção publicista” de que a mídia se valeu para justificar sua posição golpista.

Dois anos mais tarde, em 2011, é necessário que as devidas lições sejam aprendidas. Estudar e conhecer melhor os vínculos dos grupos de mídia com a articulação golpista do início da década de 60, além de ser nosso dever para com aqueles que tombaram pelo caminho, pode nos ajudar – e muito – a compreender o que ainda ocorre na democracia brasileira de nossos dias.



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quarta-feira, 26 de março de 2014

Quando a mídia passa a conspirar

Por Luis Nassif, noJornal GGN:

O mês de aniversario do Golpe Militar de 1964 provocou uma explosão de manifestações, seminários e grupos de trabalho visando a esclarecer as circunstancias históricas e políticas daqueles episódios.

Até agora, no entanto, passou em branco o papel dos grupos de mídia no episódio.

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Os fundadores da democracia norte-americana pensaram em três instituições - Executivo, Judiciário e Legislativo - controlando-se através do sistema de freio e contrapesos. E a supervisão geral seria dos grupos sociais genericamente denominados de opinião publica que, pelo voto, escolheriam os governantes.

A instituição incumbida de sistematizar a informação e dar voz à opinião pública foram os jornais. A imprensa local se alastra pelos Estados Unidos proporcionando diversidade cultural, política e reforçando a crença no modelo instituído.

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As novas tecnologias provocam uma mudança radical no modelo.

Com o monopólio das transmissões de telégrafo, a Western Telegraph funda a primeira agência de notícias, a Associated Press, a consegue abrangência nacional. Usa o poder obtido para eleger em 1877 o presidente republicano Rutherford Hayes em um episódio retratado como “a fraude do século”.

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Depois, o avanço da telefonia permitiu a montagem das redes nacionais e aí, além da homogeneização da notícia e da opinião, os cabeças de rede traziam os grandes anunciantes nacionais. As redes de TM consolidam o modelo de empresa de mídia, um misto de jornalismo, show e marketing, que se transforma no mais influente formador de opinião não só nos EUA como no Brasil, superando a influência das igrejas, sindicatos e partidos políticos.

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Duas novas revoluções tecnológicas enfraquecem o modelo. A primeira, a da TV fechada. A segunda, muito mais ampla, da Internet, acabando com o cartel das concessões do espaço público.

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Em pelo menos três episódios de intensa politização da mídia, o que estava por trás eram as estratégias para enfrentar as novas tecnologias: o golpe de 64 no Brasil; a campanha contra Barack Obama, nas eleições norte-americanas; e a campanha sistemática dos grupos de mídia a partir de 2005.

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Nos anos 60, os grupos de mídia temiam o avanço de novos grupos através das redes de TV aberta. Nos anos 2010, o risco é a perda de controle para os grupos de telecomunicações e para as redes sociais.

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O australiano radicado nos EUA Rupert Murdoch definiu o modelo de atuação das empresas de mídia: lançar um candidato à presidência, desenvolver um discurso virulento (que foi pedir emprestado do grupo de ultra-direita Tea Party) e levar a disputa para o campo político. Barack Obama enfrentou a pior campanha difamatória da história dos EUA.

Esse modelo foi replicado no Brasil a partir da experiência de Roberto Civita na revista Veja. Nesse período, as empresas de mídia trouxeram de volta o fantasma da guerra fria, da suposta cubanização do Brasil, da ditadura do proletariado.

Menos do que uma guerra ideológica, essas campanhas denotavam apenas uma estratégia empresarial de um setor que foi irremediavelmente atropelado pelas novas tecnologias.



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Conversando com versos (53): “Sacrifício”, de Vinicius de Moraes (1913-1980)


"Sacrifício"


Num instante foi o sangue, o horror, a morte na lama do chão.
- Segue, disse a voz. E o homem seguiu, impávido
Pisando o sangue do chão, vibrando, na luta.
No ódio do monstro que vinha
Abatendo com o peito a miséria que vivia na terra
O homem sentiu a própria grandeza
E gritou que o heroísmo é das almas incompreendidas.

Ele avançou.
Com o fogo da luta no olhar ele avançou sozinho.
As únicas estrelas que restavam no céu
Desapareceram ofuscadas ao brilho fictício da lua.
O homem sozinho, abandonado na treva
Gritou que a treva é das almas traídas
E que o sacrifício é a luz que redime.

Ele avançou.
Sem temer ele olhou a morte que vinha
E viu na morte o sentido da vitória do Espírito.
No horror do choque tremendo
Aberto em feridas o peito
O homem gritou que a traição é da alma covarde
E que o forte que luta é como o raio que fere
E que deixa no espaço o estrondo da sua vinda.

No sangue e na lama
O corpo sem vida tombou.
Mas nos olhos do homem caído
Havia ainda a luz do sacrifício que redime
E no grande Espírito que adejava o mar e o monte
Mil vozes clamavam que a vitória do homem forte tombado na luta
Era o novo Evangelho para o homem da paz que lavra no campo.



Fonte: Vinicius de Moraes. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2ªed, 1981, pp.68/69.



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